É comum associar o olho amarelado a problemas relacionados à saúde do fígado. Mas isso realmente faz sentido? Segundo a gastroenterologista, Tabata Cristina Alterats Antoniaci, a crença tem fundamento.
A doutora diz que o olho amarelo ocorre, geralmente, em virtude do excesso de bilirrubina, substância que é produzida no fígado a partir da quebra dos glóbulos vermelhos no sangue, que é armazenada na vesícula para depois ser eliminada na urina ou fezes.
“Quando existe algum problema nesta via, por exemplo, um cálculo da vesícula obstruindo a passagem da bile, essa se acumula no sangue e causa a coloração amarelada nos olhos”, explica a doutora Tabata Antoniaci.
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Conforme informado pela especialista, as causas mais comuns para a alteração são:
- Hepatites: inflamações no fígado, podendo ter origem viral, por exemplo a hepatite A, medicamentosa ou uso excessivo de bebida alcoólica;
- Cirrose ou fibrose hepática crônica: estágio avançado de inflamação no fígado, que pode ser causado mais comumente pelo uso excessivo de álcool, porém vemos cada dia mais casos de cirrose por “gordura no fígado”;
- Pedra na vesícula.
Além dessas doenças mais comuns, outras delas também podem afetar a coloração dos olhos e o deixar amarelados. São elas:
- Pancreatite: olhos amarelados, febre, dor abdominal intensa do lado esquerdo do abdômen.
- Malária: doença infecciosa, endêmica em algumas áreas do nosso país, ocorre a cor amarela pelo “ataque” do protozoário do gênero Plasmodium, que se multiplica no fígado e depois atinge a corrente sanguínea, onde invade e rompe os glóbulos vermelhos do sangue. “Devido à destruição dos glóbulos vermelhos, existe liberação de bilirrubina na corrente sanguínea, o que provoca sintomas como olhos amarelados e dor de cabeça, além de febre, suor, calafrio, náuseas, vômitos ou fraqueza”, explica a gastro do São Cristóvão Saúde.
- Anemia hemolítica: é uma doença autoimune que leva à destruição dos glóbulos vermelhos e, com isso, acúmulo de bile na corrente sanguínea. Resulta em cansaço, prostração, olhos aparelhados, dor no peito, dentre outros sintomas.
Por isso, que ao primeiro sinal de sintomas, o paciente deve procurar o seu médico de confiança para poder iniciar a investigação e entender os sintomas, realizando exames e o tratamento.
“Inicialmente, deve-se entender a causa do problema do paciente e então buscar soluções voltadas para essa causa. Por exemplo, em casos de obstrução das vias biliares por um cálculo ou pedra na vesícula, devemos desobstruir essa via para que a bile possa ser eliminada e tirar a vesícula por cirurgia, tendo um tratamento definitivo. Outro exemplo seria o uso de corticoides na anemia hemolítica, como opção de tratamento”, diz a gastroenterologista.
A doutora lembra que, é imprescindível que o paciente nunca se automedique e que, em qualquer sintoma mais grave, deve se procurar um médico imediatamente.
“Em casos de dor intensa, o pronto socorro é o mais indicado”, finaliza Dra. Tabata.