Dois palestinos de Jerusalém Oriental mataram cinco pessoas nesta terça-feira em uma sinagoga de Jerusalém, em um ataque que se soma à onda de tensão e violência no país. Oito pessoas ficaram feridas no ataque, quatro delas, gravemente.
A FPLP (Frente Popular para Libertação da Palestina) assumiu a autoria do ataque, disse que os dois autores, primos do distrito de Jabal Mukaber, eram integrantes do grupo, mas não deixou claro se a ordem partiu de sua liderança. “Declaramos total responsabilidade pela execução desta heroica operação”, disse Hani Thawbta, um líder do movimento em Gaza. Os autores foram mortos pela polícia no local.
Segundo a porta-voz da polícia israelense, Luba Samri, “dois terroristas entraram na sinagoga do bairro de Har Nof e atacaram com machados, facas e uma pistola”.
O ataque foi celebrado pelos grupos palestinos Hamas e Jihad Islâmica na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
‘Mão de ferro’
O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, disse que o ataque é “resultado direto” de incitação. “Isso é o resultado direto da incitação feita pelo Hamas e pelo presidente palestino (Mahmud) Abbas, incitação que a comunidade internacional ignora de maneira irresponsável”.
Ele prometeu que Israel reagirá “com mão de ferro a esse assassinato de judeus que rezavam”. Abbas condenou em um comunicado a “morte de fiéis que rezavam”.
Reações
Em Londres, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse que o ataque é um ato de “puro terror” de “brutalidade insensível”, que “não tem lugar no comportamento humano. Ele disse que a liderança palestina deve condenar o ato “para colocar a região em um novo caminho”.
O jornal israelense “Haaretz” disse que o FBI vai investigar o ataque, uma vez que três dos mortos eram judeus ultraortodoxos com cidadania norte-americana. O quarto era cidadão britânico, e o último, um policial druso que ficara ferido no confronto com os palestinos.
Análise – Já é a 3ª intifada?*
Já existe uma discussão acerca da nomenclatura que será adotada para as ações violentas de palestinos contra israelenses nas últimas semanas. Mais importante do que o nome que se dará, se intifada ou não, é entender o fenômeno e o que está ocorrendo.
Embora alguns dos ataques a facas, atropelamentos e, nesta terça, o tiroteio contra frequentadores de uma sinagoga de Jerusalém, tenham sido assumidos por grupos palestinos, eles parecem ser ações isoladas de indivíduos frustrados com a condição de vida e a insistente expansão de colônias judaicas pelo governo de Israel.
O ataque contra a sinagoga foi realizado por dois palestinos, e a FPLP se apressou para assumir a autoria, embora não tenha deixado claro se partiu dela a ordem para atacar.
As intifadas anteriores tiveram importantes diferenças. Em 1987, após a morte de um palestino na Faixa de Gaza, houve um movimento espontâneo de jovens ativistas atirando pedras contra soldados israelenses.
Em 2000, após a visita do então premiê Ariel Sharon, de Israel, à Esplanada das Mesquitas, o mesmo local em Jerusalém que tem sido foco e motivo de protestos violentos, uma onda de ataques terroristas suicidas se desencadeou no país. A visita de Sharon foi um pretexto, ficou provado depois.
Ambas aconteceram antes da Primavera Árabe, quando o povo de países da região foi às ruas para pedir democracia. O exemplo pode motivar uma nova intifada e pedidos por autonomia política.
Uma coisa é certa: com o nome que tiverem, esses ataques devem continuar. Só não se sabe ainda que uso político Israel, o Hamas e Abbas vão fazer deles.
* Gabriel Toueg – Metro São Paulo