O magnata Donald Trump, o pré-candidato republicano em melhor posição nas pesquisas, virou o alvo preferido dos ataques em um debate na quarta-feira com os rivais do partido, ao mesmo tempo em que Carly Fiorina, a única mulher do grupo, mostrou suas credenciais.
«Senhor Trump, não precisamos de um aprendiz na Casa Branca, já temos um», disse o aspirante Scott Walker, governador de Wisconsin e em queda livre nas pesquisas, em uma referência ao programa de televisão que transformou Trump em uma grande celebridade.
Trump devolveu os ataques, fazendo jus à fama de organizar uma campanha com humilhações aos adversários para impor seu nome na disputa para definir quem será o representante do Partido Republicano na eleição presidencial de 2016.
«Em Wisconsin apareço como o número um e os seus números desabam», respondeu Trump a Walker, sem esconder certo desdém a respeito do colega.
Onze pré-candidatos na disputa
Outros 10 aspirantes republicanos, além de Trump, participaram no debate, que aconteceu na Biblioteca Presidencial Reagan em Simi Valley, Califórnia.
Alguns, como o ex-governador da Flórida Jeb Bush, estão sob intensa pressão para conseguir alavancar a campanha, já que existe o risco de chegar ao momento das primárias praticamente sem chances de obter a indicação republicana.
O debate de quarta-feira reservou uma boa surpresa com o desempenho de Carly Fiorina, ex-CEO da Hewlett-Packard.
Em um dos momentos mais tensos do debate, Fiorina respondeu com elegância aos comentários ofensivos formulados por Trump sobre sua aparência e sobre como isto afasta os eleitores.
«Acredito que todas as mulheres do país escutaram claramente o que senhor Trump disse», afirmou a pré-candidata, que foi muito aplaudida neste momento.
Fiorina também se destacou ao demonstrar conhecimento de dados militares e criticar a pré-candidata do Partido Democrata Hillary Clinton por sua falta de êxitos.
A republicana provocou uma grande comoção ao revelar que perdeu um filho para o vício em drogas e também encontrou tempo para criticar duramente Trump por suas práticas comerciais.
«Quero construir um muro»
No segmento dedicado à questão migratória, considerado um tema central para todos os candidatos conservadores, Trump voltou a prometer a construção de um muro na fronteira com o México e que expulsará do país 11 milhões de imigrantes ilegais.
«Antes de mais nada, quero construir um muro, um muro que funcione», disse Trump, que fez fortuna graças a um império imobiliário e do setor de construção.
«Há muita gente ruim neste país que vem de fora». «Se for eleito (presidente), no primeiro dia esta gente vai partir daqui», completou.
O segundo colocado nas pesquisas entre os republicanos, o cirurgião afro-americano Ben Carson, disse que é inviável deportar 11 milhões de imigrantes ilegais, mas concordou que a fronteira entre Estados Unidos e México está desprotegida.
A expulsão dos imigrantes ilegais – a maioria latinos – seria uma tarefa gigantesca, avaliou Carson. «Estou disposto a escutar como alguém faria isto a um custo razoável, posso discutir isto».
Bush (casado com uma mexicana) e o senador Marco Rubio (neto de imigrantes cubanos) criticaram a ideia de expulsão em massa, mas defenderam o reforço da segurança na fronteira.
«Construir um muro e deportar meio milhão de pessoas ao mês nos custará centenas de bilhões de dólares, destruirá a vida de comunidades e enviará um sinal ao mundo de que os valores que são importantes para nós já não importam neste país», advertiu Bush.
Trump também foi criticado pelos ataques a Bush por ter falado em espanhol em um evento de campanha.
«Me fizeram uma pergunta em espanhol e, por respeito, decidi respondê-la em espanhol», explicou Bush.
Quase de maneira imediata, Hillary Clinton publicou uma mensagem em espanhol no Twitter: «A liberdade inclui o direito de falar em qualquer idioma. Isto nos faz forte como país e é algo que devemos celebrar, não denegrir».