Após duas quedas seguidas, o dólar saltou ontem mais de 3% e voltou ao patamar de R$ 4,10. A alta refletiu o quadro de aversão a risco nos mercados internacionais, além de preocupações com a possibilidade de novos rebaixamentos da nota de crédito do Brasil.
O dólar avançou 3,37%, a R$ 4,1095 na venda. Foi a maior alta desde 21 de setembro de 2011 (3,75%).
Na quarta-feira passada, a moeda atingiu R$ 4,146, maior valor desde que o Plano Real foi criado, em 1994. A divisa, no entanto, anulou praticamente todo o avanço, terminando a semana abaixo de R$ 4, após o BC ter elevado suas ações no mercado.
“Foi importante o BC entrar porque o mercado estava descontrolado, mas vai continuar em viés de alta enquanto esses problemas políticos e econômicos continuarem no radar”, disse à Reuters o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
O dólar ampliou o avanço na última hora da sessão devido à perspectiva de que o Brasil pode perder seu selo de bom pagador com outras agências além da Standard & Poor’s.
O diretor-geral da Fitch para o Brasil, Rafael Guedes, repetiu nesta segunda-feira que a perspectiva negativa atribuída à nota de crédito do país significa que a agência vê chance de mais de 50% de rebaixar o país nos próximos 12 a 18 meses. A agência colocou o rating brasileiro em perspectiva negativa em abril passado.
No entanto, Guedes também sinalizou que a agência não deve retirar do Brasil o selo de bom pagador quando tomar sua decisão sobre a nota ao afirmar que, “historicamente”, a Fitch não corta rating em dois degraus, o que seria necessário para retirar o grau de investimento.
Cenário externo
Também contribuiu para a alta do dólar a aversão a risco nos mercados externos, com pressão sobre moedas emergentes como os pesos chileno e mexicano. Os mercados estão apreensivos com a possibilidade de o Fed, banco central norte-americano, elevar os juros ainda neste ano.
Pesaram ainda preocupações com o crescimento econômico mundial, especialmente em relação à China e economias emergentes no geral, que vêm reduzindo o apetite por ativos de risco.