Com o fim da crise hídrica anunciado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o programa de bônus e multa aos clientes da Sabesp perto do fim, São Bernardo teve um saldo positivo: durante o período crítico, teve mais gente economizando na cidade do que desperdiçando água.
Isso porque o valor do desconto concedido pela companhia a quem gastou menos água que a média mensal na cidade foi quase o dobro do que a estatal arrecadou com multas aplicadas aos que gastaram “além da conta” no município, o único do ABC onde a gestão dos recursos hídricos é feita pela Sabesp.
Segundo a companhia, até janeiro deste ano foi dado R$ 49,9 milhões em bônus aos que gastaram menos água na cidade. Por outro lado, foi arrecado R$ 27,2 milhões com as sobretaxas aplicadas aos “gastões” de São Bernardo – valor 45,8% menor.
O programa de concessão de bônus foi implantado no início de 2014, para incentivar que os consumidores economizassem água. Em fevereiro do ano passado, a estatal passou a cobrar multa de quem elevou o consumo “sem justificativa”.
Até setembro do ano passado, a estatal havia concedido R$ 20,6 milhões em bônus aos moradores de São Bernardo. O valor de janeiro é 142,2% maior do que o de quatro meses antes.
Já o aumento da arrecadação com multa na cidade foi proporcionalmente menor no mesmo período. Em setembro era R$ 15,9 milhões e em janeiro foi de R$ 27,2 milhões, aumento de 71%.
Fim da crise e da ação
A ação do governo estadual para tentar minimizar os efeitos da crise hídrica na Grande São Paulo está perto do fim.
A empresa pediu à Arsesp, agência reguladora do serviço de água, luz e gás, para acabar com o programa. A ideia é que as contas com leitura a partir de 1º de maio já tenham a tarifa normal.
No comunicado sobre o tema, a Sabesp alega que “a situação hídrica atual permite uma maior previsibilidade sobre as condições dos mananciais”.
No início deste mês, Alckmin disse que “a crise hídrica acabou”. A declaração foi contestada por especialistas, que temem aumento do consumo.
O fim da multa vinha sendo pleiteado por órgãos de defesa do consumidor, como o Idec, exatamente por causa da afirmação do governador.