Na conversa com jornalistas no Salão Azul do Congresso, o senador Romero Jucá (PMDB-RO) disse que os ministros do possível governo Temer poderão tomar posse na tarde desta quinta-feira. O anúncio da nova equipe, caso o Senado vote pelo afastamento de Dilma, ocorrerá logo após a presidente Dilma Rousseff receber a notificação e de Temer ser comunicado que assumiu a Presidência da República.
Segundo Jucá, Dilma deve ser notificada por volta de 10h ou 11h, a depender do final da votação. A expectativa é que Temer seja comunicado na sequência de que assumiu a presidência e o anúncio da equipe ministerial deve ocorrer logo em seguida.
O peemedebista não informou quantos ministros tomarão posse. Segundo ele, Temer já pretende ocupar nesta quinta o gabinete da Presidência da República, no Palácio do Planalto. “Não há vácuo no poder.”
Temer atualmente despacha na Vice-Presidência, em um edifício anexo ao palácio.
Ministros serão exonerados se Senado aprovar o impeachment
Jucá diz que Temer não vai mexer no Bolsa Família
Cotado para o Ministério do Planejamento em um eventual governo do vice-presidente Michel Temer, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse que Temer não pretende mexer no Bolsa Família nem acabar com o benefício, que atende a cerca de 14 milhões de famílias.
Segundo Jucá, caso o Senado decida pelo afastamento de Dilma na sessão desta quarta-feira, Temer vai, sim, discutir os programas sociais, mas sem alterar o Bolsa Família.
“Essa questão do Bolsa Família é uma prioridade, não há nenhuma intenção de acabar com o Bolsa Família, de diminuir reajuste do Bolsa Família. Pelo contrário, a ideia é fortalecer os programas sociais que funcionam e, efetivamente, melhorar a vida da população”, disse.
A possibilidade de Temer modificar programas sociais, caso assuma o Palácio do Planalto, tem sido recorrente nos discursos de Dilma e aliados. Mais cedo, no Salão Verde do Congresso Nacional, um grupo de deputados contrários ao impeachment denunciou o “desmonte” do Bolsa Família, considerado o carro-chefe da política social dos governos do PT.
O PMDB de Temer defende que os programas de transferência de renda se concentrem na parcela dos 5% mais pobres. A proposta está no documento A travessia social, elaborado pela Fundação Ulysses Guimarães, ligada ao partido, para servir como uma espécie de programa de governo do vice-presidente na área social. “Se [o Senado] fizer o afastamento, o governo [Temer] vai ser instalado e logo depois vão ser discutidos os programas”, disse Jucá após deixar do plenário, onde os senadores estão debatendo o afastamento de Dilma.
Jucá, que tem atuado como porta-voz de Temer, disse que o vice-presidente também indicou que irá propor um pacote de ajuste fiscal se assumir a Presidência. “Isso será avaliado pela equipe do presidente, se assumir, se o Senado tomar a decisão [de afastar Dilma]. Não tem como antecipar qualquer decisão”, desconversou.
Nesta terça-feira, após reunião com o vice, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que Temer pretende reduzir o número de ministérios de 32 para 22.