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Falta até papel higiênico em delegacias do interior de Minas Gerais

Investigações em Minas esbarram na ausência de materiais básicos, como papel e caneta, além da insuficiência no efetivo dos policiais

É preocupante a situação na qual se encontram algumas delegacias no interior de Minas Gerais – especialmente nas regiões do Vale do Aço, Rio Doce, Mucuri, Jequitinhonha e Norte. Segundo um levantamento prévio do Sindepominas (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de Minas Gerais), além da insuficiência no número de policiais, os agentes relataram problemas até para repor materiais de escritório e de uso comum, como papel, caneta, café, açúcar e papel higiênico.

Na parte de recursos humanos, o deficit não é novo, mas ainda continua sem solução. Conforme o presidente da entidade, Marco Antônio de Paula Assis, os primeiros números revelam que o Estado necessita de pelo menos o dobro de delegados. Atualmente são cerca de mil em atividade.

Em delegacias de cidades do interior que foram visitadas nas últimas semanas, a falta de pessoal tem prejudicado, entre outras coisas, os plantões aos fins de semana e as investigações. “Para se ter uma ideia, foram detectadas delegacias regionais com três delegados, ou menos, quando o ideal seriam, no mínimo, nove. Isso não dá se quer para o plantão, imagina para o restante?”, questiona Marco Antônio.

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Para suprir a falta de pessoal, muitas dessas delegacias têm contado com a ajuda das prefeituras locais, que cedem servidores para prestarem serviços de atendimento, além do custeio de parte dos aluguéis dos prédios. “Era para ser uma parceria, mas a maioria dos funcionários dessas delegacias acaba sendo das prefeituras. Com isso, as investigações estão praticamente paradas, porque sem profissionais da área, fica um esforço de uma delegacia de uma cidade se juntar com a outra para poder solucionar os crimes e realizar operações. Isso tem sido feito graças a um trabalho sobre-humano desses agentes”, diz Marco Antônio.

Até o fim do ano, o sindicato vai viajar por outras regiões do Estado, coletando informações para a elaboração de um diagnóstico sobre as condições de trabalho nas delegacias da Polícia Civil.

Ajuda dos vizinhos
Sem policiais e sem recursos, o jeito tem sido apelar para os comerciantes das cidades, que temem o fechamento das unidades. Para isso, supermercados, mercearias e outros comércios ajudam doando materiais básicos, como papel, caneta e até cafezinho. “É o modelo de autogestão adotado no interior. Nós temos um sistema de entrega de material unificado e que não atende as delegacias como deveria. Então ou o servidor compra do bolso dele um café, um papel higiênico, ou falta mesmo. Em algumas cidades, eles têm que ir nos comerciantes próximos e pedir uma contribuição caso queiram continuar tendo polícia na cidade”, denuncia Marco Antônio.

Em nota, a Polícia Civil esclareceu que por questões de segurança não divulga o número de policiais da instituição. “Ao mesmo tempo, informa que realiza de forma técnica realocações em seu quadro de pessoal, tendo sempre o objetivo de melhor atender às demandas necessárias e à população, não deixando nenhum dos 853 municípios de Minas Gerais sem o devido atendimento. Esclarece, ainda, que está em estudo, para o mais breve possível, concurso para delegados e escrivães”, explica.

Quanto às questões dos suprimentos de escritório e de uso comum, a Polícia informou que passa por um momento complicado financeiramente, mas vai repor o que for necessário. “A PCMG esclarece que não mede esforços para ajustar os repasses às unidades, neste momento em que é de conhecimento público a grave crise por que passa o Estado de Minas Gerais, os demais Estados brasileiros, assim como o Governo Federal”.

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