O senador Flávio Bolsonaro publicou em seu perfil no Twitter vídeo do suposto cadáver do ex-capitão do BOPE Adriano Magalhães da Nóbrega, morto na semana passada em Esplanada, no interior da Bahia. A publicação insinua que o miliciano foi torturado antes de ser morto, versão descartada pela necrópsia oficial.
São 21 segundos de imagens sem áudio. O corpo é apresentado de costas com uma etiqueta em que é possível ler ‘Adriano Magalhães’. Apesar de conter cenas fortes, o senador não avisa previamente sobre o conteúdo das imagens.
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«Perícia da Bahia (governo PT), diz não ser possível afirmar se Adriano foi torturado. Foram 7 costelas quebradas, coronhada na cabeça, queimadura com ferro quente no peito, dois tiros a queima-roupa (um na garganta de baixo p/cima e outro no tórax, que perfurou coração e pulmões», disse Flávio.
A reportagem entrou em contato com o Instituto Médico-Legal da Bahia e do Rio de Janeiro para confirmar a veracidade do vídeo, mas ainda não obteve resposta. Não é possível confirmar, até o momento, que o cadáver exibido pelo senador se trata do ex-capitão do BOPE.
Adriano da Nóbrega foi localizado pelo Serviço de Inteligência da polícia baiana em um sítio no interior do Estado. A versão da corporação é que Nóbrega trocou tiros com agentes, foi baleado e socorrido em um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Necrópsia divulgada pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT), em Salvador, aponta que o miliciano foi morto por dois tiros de fuzil, disparados a, no mínimo, um metro e meio de distância. «Eram dois disparos de arma de fogo», explicou Elson Jefferson Neves da Silva, diretor geral do DPT-BA.
«Teve um primeiro, que passou por baixo do peito, saiu rasgando o pescoço, e entrou na submandibular. Eu encontrei o projétil na região do pescoço. O segundo foi na região da clavícula. Esse aqui entrou e saiu nas escápulas. Essas foram as lesões provocadas por armas de fogo», afirmou.
A perícia menciona ainda «seis fraturas nas costelas», «dois pulmões destruídos» e o «coração dilacerado». Não há menção à coronhada ou à queimadura, e os tiros não teriam sido disparados à queima-roupa, como escreveu Flávio. Os ferimentos seriam compatíveis com o impacto no corpo causado por tiros de fuzil, em razão da alta energia cinética dos projéteis.
Rachadinha
Flávio Bolsonaro empregou a ex-esposa e a mãe de Adriano da Nóbrega em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, investigadas por participação em suposto esquema de «rachadinha» no gabinete do 01.