O Hospital Universitário da USP (Universidade de São Paulo), no Butantã, zona oeste de São Paulo, tem 30% dos leitos desativados por falta de funcionários. São 78 vagas afetadas, sendo 11 de terapia semi-intensiva para adultos.
O centro hospitalar foi referenciado como «hospital livre de covid-19». Isso significa que ninguém com a doença deveria ficar internado na unidade. O superintendente do local, Paulo Francisco Ramos Margarido, admite que, na prática, a situação é outra. “Não há ambiente livre de covid hoje.”
Sem leitos exclusivos para pacientes com o novo coronavírus, o hospital criou um setor para fazer uma triagem de casos suspeitos da doença. No entanto, uma funcionária da unidade, que preferiu não ser identificada, diz que essa operação não está funcionando. “O problema é que com a pandemia a gente não sabe quem está e quem não está com covid-19. Os funcionários desses setores não usam a proteção que deveriam. Eles recebem os pacientes com EPIs (equipamentos de proteção individual) simples”, relatou.
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A funcionária reclama ainda que é uma luta diária conseguir algum EPI. Mais de 100 funcionários do Hospital Universitário da USP foram contaminados por covid-19. A superintendência recusou um pedido de afastamento de profissionais com mais de 60 anos, lactantes ou que tenham alguma comorbidade. A alegação é que essa parcela representa até 30% do efetivo de 1.398 servidores.
Ao ser questionado pela reportagem, Margarido manifestou desconhecimento sobre a falta de proteção dos funcionários. “Na realidade não há orientação formal pelo tempo de uso da máscara. Na verdade, eu não tenho o conhecimento para dizer que isso está sendo feito de fato”. Já sobre os leitos desativados, o superintendente do hospital disse que servidores serão contratados. “O volume veio se reduzindo desde 2014. Nós vamos contratar funcionários agora pensando no momento da pandemia”, disse o superintendente.