O auxílio emergencial concedido pelo governo federal durante a pandemia causada pelo fez com que a renda dos trabalhadores tivessem alta de até 156%, caso dos que têm baixa escolaridade. A análise dos impactos da ajuda foi realizado por pesquisadores do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV (Fundação Getulio Vargas), com base nos dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na semana passada.
O levantamento mostra que, em média, a perda de renda no período foi de 18%, mas registrando muitas distorções. Cabeleireiros e manicures, por exemplo, tiveram queda de 42%.
Com o auxílio emergencial, o aumento médio foi de 24% se comparados os ganhos antes da pandemia. Mas quando a análise é feita com base na escolaridade, a pesquisa mostra que trabalhadores sem nível de estudo, que recebiam em média R$ 595, viram os ganhos subirem em 156%. (Veja gráfico abaixo)
O auxílio teve impacto significativo também na renda das mulheres, com alta de 103%. Para os homens, o incremento representou 68% mais nos ganhos.
Os dados do IBGE levam em conta dois tipos de auxílio lançados pelo governo. O emergencial, que pagou R$ 600 por até três meses para quem não tem emprego formal e microempreendedores, e R$ 1.200, no caso de mulheres responsáveis pela casa. O outro é a complementação financeira para contratos de trabalho suspensos ou com redução salarial.
Para o coordenador do centro de estudos e um dos autores da análise, Lauro Gonzalez, os dados mostram que o nível de pobreza e desigualdade do Brasil é muito alto – e não que o auxílio emergencial seja excessivo. “Algumas mudanças recentes no mercado de trabalho, como a ‘uberização’ e a grande quantidade de pessoas que trabalham em bicos, produziram efeitos que deram contornos mais forte ao efeito do auxílio”, afirmou.
De acordo com ele, esses trabalhadores formam público maior que o do Bolsa Família, mas que, mesmo não sendo tão pobre, tem a renda muito vulnerável.
“Espero que retorne agora a discussão sobre a necessidade de uma renda básica para a população. É um desafio para os cofres públicos, momento para pensarmos que tipo de gastos são realmente necessários. Uma coisa é um gasto social que segura o PIB e combate a desigualdade, por exemplo. Outro são os alto salários do Judiciário”, afirmou.