A CPI da Covid-19 deu um passo importante ontem na investigação sobre as ações e possíveis omissões do governo federal no combate à pandemia. O colegiado aprovou a quebra de sigilo telefônico e telemático de dois ex-ministros do presidente Jair Bolsonaro: Eduardo Pazuello, ex-chefe da Saúde, e Ernesto Araújo, ex-chanceler. Outras 17 pessoas também terão os dados nas mãos dos senadores da comissão.
Além de focar em peças-chave do Executivo, a CPI também solicitou a quebra de sigilo de personagens apontados como integrantes do suposto “gabinete paralelo”. São eles o empresário Carlos Wizard e o biologista Paolo Zanotto. O grupo é acusado pelos senadores de auxiliar Jair Bolsonaro de forma extraoficial no combate à covid-19 e impulsionar teorias negacionistas corroboradas pelo presidente.
Antônio Elcio Franco Filho, braço direito de Eduardo Pazuello no ministério da Saúde, e Mayra Pinheiro, conhecida como “capitã cloroquina” por defender o medicamento sem eficácia comprovada contra a covid-19, também estão na lista.
A quebra de sigilo telefônico tem como foco o registro e a duração de todas ligações feitas e recebidas de acordo com o período solicitado pela CPI. Já o registro telemático pode trazer informações retiradas de trocas de mensagens, cópias de e-mails, localizações, entre outros dados. É a primeira vez que o colegiado aprova uma ação deste tipo. Até ontem, apenas depoimentos foram prestados na CPI.
Empresas
Além de personagens fundamentais para as investigações, a quebra de sigilo também atinge três empresas de comunicação: PPR – Profissionais de Publicidade Reunidos; Calya/Y2 Propaganda e Marketing; e Artplan Comunicação. As três também terão de submeter à CPI dados bancários e fiscais, assim como a Associação Dignidade Médica de Pernambuco.