A humilhação e a vergonha ferem e destroem a dignidade de um adulto. Imagine a de uma criança. “Infelizmente, ainda existem pais que empregam este tipo de conduta na intenção de disciplinar seus filhos, e às vezes fazem isso em público, aproveitando, inclusive, as redes sociais”, lamenta a psicóloga Andréa Romão. Segundo ela, esses pais empregam atitudes e formas de tratamento que humilham e envergonham imaginando que estão contribuindo para a educação dos filhos, esperando que as crianças não repitam uma determinada atitude. Mas, ao contrário, estão causando estragos terríveis na estrutura emocional delas.
Na pracinha e nas redes
“É comum pais exporem o filho à humilhação e à vergonha em situações como ao gritar com ele na pracinha, na frente de algum coleguinha, ou rir dele em um momento constrangedor. Ou, ainda, ao chamá-lo de estúpido, burro, e dizer que ele é um estorvo, que perdeu parte da vida em função dele, que ele não serve para nada, que está comendo demais e vai explodir”, afirma a especialista. Andréa diz que, com as mídias sociais, isso se tornou ainda pior. “Atendi uma criança que não queria participar do churrasco com a família porque estava jogando videogame, seu pai ficou irritado e jogou o videogame na churrasqueira na frente de todo mundo.”
Efeitos psicológicos
Segundo a psicóloga, é importante os pais entenderem os efeitos psicológicos da humilhação e da vergonha. Além de impactarem na autoestima, na dignidade, no amor próprio e no sentimento de aprovação do filho, podem levar à depressão, ansiedade, estresse – e até ao suicídio. “Criança precisa de respeito para aprender a respeitar os outros”, lembra ela. “Sempre que você achar que seu filho merece punição, estabeleça uma boa conversa mostrando o que ele fez de errado, isto por si só já vai deixa-lo envergonhado, ele não precisa ser humilhado.”