Após quase dois anos de home office, a volta ao escritório pode ser uma tarefa bem difícil. Não se trata apenas de uma mudança de rotina. Muitos têm pela frente o desafio de lidar com a ansiedade para conseguir socializar de novo e com o medo de estar em ambientes que possam estar infectados pela covid-19.
O número de pessoas contaminadas já ultrapassou os 27 milhões no Brasil. Dessas, mais de 630 mil perderam a vida para a doença. Como se não bastasse, mesmo com a vacinação, a variante Ômicron segue em ritmo acelerado.
O Metro World News conversou com o psicólogo Alexander Bez, especialista em ansiedade e síndrome do pânico pela UCLA (Universidade da Califórnia) para entender os desafios dos profissionais nesta nova etapa.
“A volta aos escritórios, emocionalmente falando, acarreta muitas preocupações inconscientes. Desde o próprio medo de pegar covid-19 até um receio específico em relação à própria produtividade profissional”, explica Bez.
O especialista atenta ainda para a “enorme probabilidade” de ter de enfrentar a Síndrome de Burnout, seja ela “excepcionalmente retroativa” ou atual. “A ansiedade em fazer as coisas voltarem ao que eram e a depressão por compreender que não retornaremos ao que conhecemos como normal tão rápido devem contribuir para os problemas emocionais”, completa.
A ansiedade e o medo são manifestações psicológicas clássicas observadas durante toda a pandemia e é esperado que estejam presentes também no pós-Covid. “O fator cronológico dessas sintomatologias psicológicas vai de acordo com a dinâmica de cada um, podendo ser factual ou mais prolongado. Vale dizer que esses sintomas, por tudo o que passamos e pelo que ainda vamos passar, podem ser considerados como plenamente aceitáveis e normais”, diz Bez, que completa: “Estamos vivendo um período de flexibilidade, mas moldados ainda pelas atuações do vírus. Diminuindo a periculosidade da pandemia, as manifestações de ansiedade e depressão tendem a desaparecer”.
Como superar o quadro e seguir em frente
O psicólogo dá algumas dicas para os funcionários que precisam deixar o home office, tendo em vista a manutenção da saúde mental. São elas:
- Compreenda os fatos e a realidade ainda pandêmica;
- Mantenha os cuidados sanitários para que a própria ansiedade especificamente pandêmica, assim como a depressão, fiquem controladas nesse período de readaptação profissional;
- Não se cobre demasiadamente;
- Respeite os próprios limites;
- Busque apoio mútuo e ambientação profissional saudável;
- Procure ajuda psicoterápica e/ou medicamentosa sempre que precisar.
As empresas, por sua vez, podem contribuir principalmente através da promoção do conforto profissional generalizado. “Isso envolve compreensão, atenção e suporte aos funcionários”, elenca Bez.