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Procuradora lamenta laudo médico de colega que a agrediu em prefeitura: “Não concordo, mas respeito”

Demétrius Oliveira Macedo, de 35 anos, foi diagnosticado com esquizofrenia paranoide e está internado em clínica

A procuradora-geral Gabriela Samadello Monteiro de Barros, de 39 anos, que foi agredida pelo procurador Demétrius Oliveira Macedo, de 35, enquanto cumpria expediente na Prefeitura de Registro, no interior de São Paulo, lamentou o laudo médico sobre a saúde mental do agressor. Conforme análise do Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (IMESC), o homem sofre de esquizofrenia paranoide e foi recomendado que ele fique internado em uma clínica psiquiátrica por pelo menos três anos.

“Recebi com tristeza a notícia do laudo. Embora não concorde com a conclusão dos peritos, respeito e aguardo que a justiça prevaleça. A vítima sempre espera a condenação; e uma sentença absolutória, ainda que imponha medida de segurança, não satisfaz o caráter preventivo e repressivo da pena que eu esperava. Mas as leis brasileiras são assim”, disse Gabriela em entrevista ao “Universa”, do site UOL.

A procuradora-geral diz ter que se esforçar diariamente para superar o trauma gerado pela agressão, mas destaca que enfrenta as dificuldades de denunciar a violência que sofreu para encorajar outras vítimas.

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“Não é fácil transpor um trauma. Em verdade, tento ressignificar e, na medida do possível, ajudar outras mulheres que passam por situações de violência ou assédio. [...] Eu diria às mulheres que não é fácil enfrentar as consequências da denúncia. Mas é necessário. Sem coragem e luta, não haverá mudança na sociedade. E eu me sinto privilegiada por fazer parte desse processo de conscientização das pessoas sobre a importância da mulher na sociedade e o respeito que merecemos”, afirmou.

Gabriela foi agredida por Demétrius dentro da Prefeitura de Registro, em junho do ano passado. Um vídeo mostrou o momento em que o homem dava socos enquanto a mulher estava no chão. As imagens são fortes:

Nas imagens ainda é possível ver que outras colegas de trabalho tentaram segurar Demétrius enquanto ele agredia e xingava a mulher, sem sucesso. Na época, Gabriela contou que o motivo da agressão foi a abertura de um processo administrativo contra o procurador por conta de sua postura no ambiente de trabalho.

Prisão e internação

Demétrius chegou a ser preso após a repercussão do caso, mas está em internado em uma clínica psiquiátrica desde o último dia 27 de fevereiro, depois que apresentou comportamento narcisista.

Um relatório médico da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado indicou que Demétrius não estava apresentando evolução no quadro clínico após readequação medicamentosa. Na ocasião, ele estava preso na Penitenciária de Taiúva, no interior de São Paulo.

“O paciente está apresentando comportamento de personalidade narcisista, combativo, ficando em estado de alerta e nega-se ingerir os medicamentos prescritos pelo psiquiatra, impossibilitando a melhora do quadro clínico”, afirmou o médico, em 24 de fevereiro.

Na mesma data, foi agendada uma consulta para três dias depois no Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário na Capital. Demétrius, então, permaneceu internado por indicação médica.

Esquizofrenia paranoide

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O laudo do IMESC, obtido pelo site G1, mostra que o procurador apresenta capacidade de entendimento prejudicada e capacidade de determinação abolida à época do crime e é inimputável, ou seja, incapaz de entender o caráter ilícito do fato. O mesmo parecer já tinha sido dado pelo psiquiatra forense Guido Palomba.

“Tais sintomas que estavam presentes à época dos fatos [agressão contra a chefe] permitem concluir que a capacidade de entendimento encontrava-se prejudicada, enquanto a capacidade de determinação restava abolida”, consta no laudo.

Segundo os profissionais, mesmo alegando que já passava por tratamento, o procurador ainda não apresentou remissão dos sintomas, mantém episódios psicóticos, de alteração do comportamento e de frangofilia, que é o impulso de quebrar objetos. Assim, eles recomendam que Demétrius passe por um tratamento em regime de internação pelo período mínimo de 3 anos.

O advogado que defesa do procurador não foi encontrado para comentar o resultado do laudo até a publicação desta reportagem.

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