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“Paredes têm escritas de fezes”, diz brasileira sobre cela em que está presa na Alemanha após troca de malas

PF diz que elas são inocentes e já avisaram as autoridades alemãs, mas elas seguem detidas em Frankfurt

A empresária Kátyna Baía, de 44 anos, que está presa na Alemanha com a namorada, a veterinária Jeanne Paolini, de 40, depois que as malas delas foram trocadas por outras com drogas, falou sobre as péssimas condições em que elas são mantidas. Conforme reportagem do “Fantástico”, da TV Globo, exibida no domingo (9), a Polícia Federal já disse às autoridades alemãs que elas foram vítimas de uma quadrilha e são inocentes, mas permanecem presas e sem previsão de soltura.

Kátyna e Jeanne conseguiram falar com os parentes por alguns minutos depois que foram presas e em um desses contatos a empresária falou sobre o local em que é mantida.

“É uma cela em que as paredes têm escritas de fezes, tá? É uma cela fria, não tem janela”, contou a empresária.

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Já Jeanne falou sobre o desafio de estar impedida de voltar para casa. “Nós nunca convivemos nesse ambiente. No final de semana e feriado nós passamos cerca de dezesseis horas trancadas sem convívio social e o que me salvou aqui foi a fé. Dói muito ficar aqui todo dia. Eu acordo e penso: meu Deus, esse pesadelo ainda não acabou”, desabafou a veterinária.

Jeanne e Kátyna foram detidas no último dia 5, quando desembarcaram no aeroporto de Frankfurt. Nas bagagens atribuídas ao casal, foram apreendidos 40 kg de cocaína. Apesar de dizerem que aquelas não eram suas malas, as duas foram levadas para um presídio feminino, onde seguem até o momento.

“Eu caminhei algemada pelo aeroporto de Frankfurt, escoltada por vários policiais, sem saber o que estava acontecendo. Só depois de muito tempo que chegou uma intérprete que informou que nós estávamos sendo presas por tráfico de drogas. E assim que o policial apresentou as supostas malas, nós falamos de imediato que aquelas malas não eram nossas”, lamentou Jeanne.

Depois da prisão das brasileiras, a Polícia Federal passou a apurar o caso e, na terça-feira (4), prendeu seis pessoas suspeitas de integrar uma quadrilha que enviava drogas para o exterior trocando etiquetas de bagagens no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo. Conforme a corporação, funcionários terceirizados do terminal estavam envolvidos no esquema.

Imagens de câmeras de segurança mostraram que as malas que elas embarcaram no Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, são diferentes das que foram atribuídas a elas. As bagagens das duas, no entanto, ainda não foram encontradas.

Conforme a PF, nas escalas internacionais, o passageiro despacha a mala no aeroporto de origem e só pega de volta no destino final, ou seja, Jeanne e Kátyna nem viram a troca das bagagens e das etiquetas.

Viagem dos sonhos que virou pesadelo

Irmã de Jeanne, Lorena Baía contou ao “Fantástico” que o casal, que está junto há 12 anos, planejou a viagem de 20 dias pela Europa com bastante antecedência. Além da Alemanha, elas planejavam visitar a Bélgica e República Tcheca.

“Essa viagem foi paga desde junho do ano passado, compraram, parcelado, né? Tanto as passagens, fizeram as reservas de hotel pra celebrar um novo momento da vida profissional delas”, contou a irmã de Kátyna.

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Segundo Lorena, a empresária toma medicamentos de uso contínuo e que ficou sem nenhuma das medicações nos primeiros cinco dias na prisão, o que preocupou muito os familiares.

“Ela trata um aneurisma, ela trata uma dor crônica, né? Então, assim, ela tem piorado muito a qualidade de vida, o estado de saúde dela e isso nos deixa bastante aflitos. Ela ficou os cinco primeiros dias da detenção sem receber quaisquer uma das medicações”, disse a irmã.

Já Thaianne Paolini, irmã de Jeanne, disse que a veterinária está muito abalada com a prisão. “Minha mãe que estava conversando com elas. Sempre muito rápido e as meninas, no início, elas muito, assim, chorando, né?”, disse a irmã de Jeanne.

Investigação

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O chefe do gabinete de Assuntos Internacionais do Governo de Goiás, Giordano Sárvio Cavalcante de Souza, destacou que um um relatório foi enviado à polícia alemã sobre o caso. Nele, fotos mostram as malas das brasileiras em Guarulhos. As que foram apreendidas em Frankfurt, mas que estavam com etiquetas com os nomes delas, são de cores diferentes.

“Pedimos as autoridades alemãs para analisar o processo de maneira mais célere e colocá-las em liberdade, nem que seja para responder em liberdade enquanto seguir a investigação lá”, explicou Giordano Souza.

O delegado da Polícia Federal Rodrigo Teixeira destacou que as goianas não têm o perfil de “mulas”, como são chamadas as pessoas que viajam com o objetivo de transportar entorpecentes, já que elas fizeram todo um planejamento para a viagem.

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“Não há o perfil de mulas para essas passageiras, através da compra da passagem com bastante antecedência, seguro viagem. Houve todo uma programação para essa viagem ao exterior. Não é o perfil de quem trafica dessa maneira”, destacou o delegado.

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