A família do menino de 2 anos, que desapareceu em Florianópolis, em Santa Catarina, e foi encontrado com um casal no Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo, nega que ela tenha entregado o menino para adoção ilegal ou que tenha recebido dinheiro por isso. Tio do garoto, o humorista Juliano Gaspar afirmou que acredita que a jovem, que enfrenta problemas emocionais, tenha sido assediada pela quadrilha de tráfico de pessoas com o “intuito de sequestro”.
“Pelo o que a gente sabe, as conversas começaram em grupos de apoio a mães de primeira viagem. Nesse sentido, a gente vê que foi realmente com o intuito de sequestrar a criança. Nunca ouvimos falar em nenhuma dessas pessoas. Até achamos, de início, que [o sobrinho] deveria estar com a família do suposto pai biológico. E realmente não estava, então a gente teve que começar do zero uma investigação juntamente com a polícia, principalmente com o pessoal da SOS Desaparecidos”, disse o humorista em entrevista à NSC TV, afiliada da TV Globo, reproduzida pelo site G1.
Gaspar afirmou que a irmã enfrenta uma série de problemas emocionais desde que engravidou do menino, mas negou que ela tenha recebido qualquer vantagem financeira para entregar o menino.
“Minha irmã foi mãe muito nova, muito jovem, com 19 anos. Ela teve a primeira crise de ansiedade aos 14, então já é uma bala emocional. Aí isso já vem há bastante tempo na vida dela, e ela vem tratando. Só que a depressão pós-parto fez isso reavivar. Então, ela realmente acabou cedendo a essas emoções e aconteceu o que aconteceu.”
A delegada Sandra Mara, responsável pelas investigações do caso em Santa Catarina, também já tinha citado a fragilidade emocional da mãe e destacou que, isso, a fez ser convencida a entregar o filho para adoção ilegal.
“A mãe tem uma fragilidade emocional muito grande e psicológica. Ela foi convencida por conta dessa fragilidade ela. Ela é muito jovem, ficou grávida com 19, 20 anos”, afirmou a delegada.
O garoto tinha sido visto pela última vez no dia 30 de abril ao lado da mãe, em Florianópolis, e foi achado em São Paulo na segunda-feira (8). Nesse período, a genitora esteve internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital da Grande Florianópolis, devido a uma intoxicação medicamentosa. O humorista disse que ela já recebeu alta e retomou um tratamento psiquiátrico.
Uma investigação sobre o caso também foi instaurada em São Paulo, onde a polícia apura se a mãe entregou o menino para adoção ilegal ou se recebeu alguma vantagem, ou dinheiro, pela transação.
Casal preso
O sumiço da criança foi denunciado à polícia na última quinta-feira (4), quando um inquérito policial foi instaurado. Conforme reportagem do site G1, a polícia descobriu que um carro branco, com placas adulteradas, saiu de Santa Catarina para São Paulo na data do sumiço do menino. A proprietária do veículo foi identificada e passou a ser monitorada.
Assim, quando Roberta Porfírio entrava em um carro no Tatuapé, acompanhada por Marcelo Valverde, na segunda-feira (8), os policiais militares fizeram a abordagem. Questionada sobre a criança, a mulher apresentou um documento, que disse ser a Certidão de Nascimento. Logo depois, ela afirmou que a mãe de Nicolas o teria doado e que ela estava indo ao fórum para “regularizar a situação”.
A dupla foi presa em flagrante pela PM e passou por uma audiência de custódia na terça-feira (9), quando a Justiça os manteve em prisão preventiva.
Por enquanto, a polícia acredita que a mãe foi convencida por Marcelo Valverde a fazer a doação ilegal da criança. Segundo a investigação, ele teria feito a intermediação entre a genitora e Roberta Porfírio, que pretendia ficar com o garoto.
Outras duas pessoas suspeitas de envolvimento no caso também já foram identificadas pela investigação.
Suspeita de tráfico de pessoas
Segundo a polícia, Marcelo é suspeito de integrar uma quadrilha que faz tráfico de pessoas e assediava a mãe de Nicolas desde que ela estava grávida. Ao longo de dois anos, eles trocaram várias mensagens por telefone.
Já advogadas Laryssa Nartis e Katharine Grimza, que defendem Marcelo, afirmaram ao site G1 que ele conheceu a mãe do menino há dois anos, quando tinha o interesse em adotar uma criança. Assim, a mãe teria entrado em contato com ele dizendo que queria “doar o filho”. Recentemente, ela teria voltado a manter contato dizendo que precisava entregar o menino, pois passava por problemas.
Assim, segundo as advogadas, Marcelo indicou Roberta e o marido para ficarem com Nicolas. Não há informação se havia alguma quantia em dinheiro envolvida no caso.
A advogada Fernanda Salvador, que defende Roberta, negou que tenha havido o crime de tráfico de pessoas e que o bebê estivesse desaparecido, já que a mãe teria entregue a criança a Roberta junto com os documentos, em Santa Catarina. Segundo ela, a genitora alegou que estava em “cenário de vulnerabilidade, em ambiente tóxico”, quando conversou com o casal de São Paulo.
Assim, Roberta foi até Santa Catarina, onde buscou Nicolas. A polícia diz que as placas do veículo dela teriam sido adulteradas na saída do estado, mas a defesa dela afirmou desconhecer a informação.
Depois da repercussão sobre o desaparecimento do menino, Roberta e o marido foram orientados a procurar o Fórum do Tatuapé e entregar a criança. Na ocasião, Marcelo a acompanhou, quando os dois foram flagrados e presos pela PM.
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