A Polícia Civil diz que a mãe do menino Nicolas Areias Gaspar, de 2 anos, que desapareceu em Florianópolis, em Santa Catarina, e foi encontrado no Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo, foi convencida por Marcelo Valverde a fazer a doação ilegal da criança. Segundo a investigação, ele teria feito a intermediação entre a genitora e Roberta Porfírio, que pretendia ficar com o garoto. A dupla foi presa por suspeita de tráfico de pessoas.
“A mãe tem uma fragilidade emocional muito grande e psicológica. Ela foi convencida por conta dessa fragilidade ela. Ela é muito jovem, ficou grávida com 19, 20 anos”, disse a delegada Sandra Mara, responsável pela investigação em Santa Catarina.
Nicolas, que é sobrinho do humorista Juliano Gaspar, tinha sido visto pela última vez no dia 30 de abril ao lado da mãe, em Florianópolis. Conforme divulgado pelo comediante nas redes sociais, sua irmã estava internada e não conseguia dar informações sobre o paradeiro do filho. As causas que levaram a hospitalização dela não foram divulgadas.
O caso foi denunciado à polícia na última quinta-feira (4), quando um inquérito policial foi instaurado. Conforme reportagem do site G1, a polícia descobriu que um carro branco, com placas adulteradas, saiu de Santa Catarina para São Paulo na data do sumiço do menino. A proprietária do veículo foi identificada e passou a ser monitorada.
Assim, quando Roberta Porfírio entrava em um carro no Tatuapé, acompanhada por Marcelo Valverde, na segunda-feira (8), os policiais militares fizeram a abordagem. Questionada sobre a criança, a mulher apresentou um documento, que disse ser a Certidão de Nascimento. Logo depois, ela afirmou que a mãe de Nicolas o teria doado e que ela estava indo ao fórum para “regularizar a situação”.
A dupla foi presa em flagrante pela PM e passou por uma audiência de custódia na terça-feira (9), quando a Justiça os manteve em prisão preventiva.
A mãe do bebê, por outro lado, também está sendo investigada pela polícia, que quer confirmar se ela foi aliciada para entregar o filho ou se recebeu alguma vantagem, ou dinheiro, pela transação.
Suspeita de tráfico de pessoas
Segundo a polícia, Marcelo é suspeito de integrar uma quadrilha que faz tráfico de pessoas e assediava a mãe de Nicolas desde que ela estava grávida. Ao longo de dois anos, eles trocaram várias mensagens por telefone.
Já advogadas Laryssa Nartis e Katharine Grimza, que defendem Marcelo, afirmaram ao site G1 que ele conheceu a mãe do menino há dois anos, quando tinha o interesse em adotar uma criança. Assim, a mãe teria entrado em contato com ele dizendo que queria “doar o filho”. Recentemente, ela teria voltado a manter contato dizendo que precisava entregar o menino, pois passava por problemas.
Assim, segundo as advogadas, Marcelo indicou Roberta e o marido para ficarem com Nicolas. Não há informação se havia alguma quantia em dinheiro envolvida no caso.
A advogada Fernanda Salvador, que defende Roberta, negou que tenha havido o crime de tráfico de pessoas e que o bebê estivesse desaparecido, já que a mãe teria entregue a criança a Roberta junto com os documentos, em Santa Catarina. Segundo ela, a genitora alegou que estava em “cenário de vulnerabilidade, em ambiente tóxico”, quando conversou com o casal de São Paulo.
Assim, Roberta foi até Santa Catarina, onde buscou Nicolas. A polícia diz que as placas do veículo dela teriam sido adulteradas na saída do estado, mas a defesa dela afirmou desconhecer a informação.
Depois da repercussão sobre o desaparecimento do menino, Roberta e o marido foram orientados a procurar o Fórum do Tatuapé e entregar a criança. Na ocasião, Marcelo a acompanhou, quando os dois foram flagrados e presos pela PM.
Menino segue em SP
Por enquanto, Nicolas segue mantido em um abrigo do Conselho Tutelar em São Paulo. Ainda não há previsão de quando ele será entregue aos familiares em Florianópolis.
“Essa criança está submetida à jurisdição do Poder Judiciário de São Paulo, que vai determinar as medidas. A mais aguardada é que ela retorne o mais rápido possível. Estamos acompanhando passo a passo”, informou o secretário de Estado da Segurança Pública de Santa Catarina, Paulo Cezar Ramos de Oliveira, em coletiva de imprensa.
O Ministério Público de Santa Catarina ingressou com uma ação para que a criança seja transferida para, São José, na Grande Florianópolis.
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