O jogador Daniel Alves, que está preso há mais de quatro meses acusado de estupro, na Espanha, pode ter a pena agravada em função de uma lesão encontrada no joelho da jovem que o denunciou. De acordo com reportagem do site UOL, o ferimento foi constatado durante um exame médico feito logo depois que eles se encontraram em uma boate, em Barcelona, e virou peça chave no processo. O brasileiro nega o crime e diz que houve sexo consensual, mas segue detido enquanto aguarda o julgamento.
Conforme o site UOL, que teve acesso com exclusividade a documentos do caso, o machucado em questão é uma lesão de cerca de cinco centímetros no joelho da jovem, além de um hematoma na mesma região. Além disso, vídeos do circuito de segurança da boate mostraram que ela chegou ao local sem nenhuma dificuldade de locomoção, o que já não acontecia quando ela saiu, quando já apresentava dificuldade em caminhar.
Assim, a vítima passou por exames de corpo de delito, que identificaram aquela lesão no joelho como sendo decorrente das ações ocorridas dentro do banheiro da boate. A jovem afirma que foi violentada pelo brasileiro e que foi vítima de agressão. Dessa forma, esse machucado poderá reforçar a tese do estupro com uso de violência durante o julgamento, o que pode aumentar a pena do brasileiro.
A reportagem diz que, segundo a nova lei após a reforma do Código Penal espanhol, em 2022, a pena prevista para estupro é de 4 a 12 anos. Caso haja “violência de extrema gravidade” durante a agressão sexual, a pena pode subir para até 15 anos de reclusão.
O que disse Daniel Alves sobre a lesão?
Durante seu primeiro depoimento, no último dia 20 de janeiro, Daniel Alves foi questionado sobre a lesão no joelho da jovem. Conforme o UOL, na ocasião, ele negou o estupro e disse que não tinha “encostado nela”.
Quase três meses depois, já quando tinha dado várias versões sobre o ocorrido naquela noite e passou a alegar sexo consensual, o jogador disse que não ouviu qualquer reclamação da mulher sobre a lesão no joelho. Assim, ele foi questionado pela juíza do caso sobre o ferimento e ele voltou a reafirmar que não sabia do que se tratava.
Ainda no mesmo depoimento, o jogador revelou que a jovem fez sexo oral nele, quando foi questionado sobre em qual posição ela estava. Foi quando Daniel Alves disse que ela estava “acurrucada”, o que significa “encolher-se”. Sem entender, o advogado do brasileiro perguntou se ele queria dizer que ela estava “ajoelhada” e o atleta confirmou que sim. Ainda assim, reafirmou não ter visto qualquer lesão quando tudo acabou.
Especialistas ouvidos pela reportagem apontam que a incapacidade de explicar o ferimento no joelho da mulher é um dos pontos que complicam a situação da defesa do jogador e que pode resultar no aumento de sua pena.
Por enquanto, o jogador segue preso enquanto aguarda o julgamento do caso, o que ainda não tem uma data prevista. A defesa dele pediu, pela terceira vez, que ele seja solto e responda em liberdade. As demais solicitações já foram negadas pela Justiça espanhola.
Xingado na cadeia
Recentemente, um ex-detento do Presídio Brians II, onde está Daniel Alves, contou que ele é constantemente xingado pelos outros presos de “estuprador”. A revelação foi feita durante uma entrevista a uma rádio espanhola. O homem também afirmou que o atleta está “magro e abatido”, mas que goza de alguns privilégios, como assistir TV e fazer atividades em um centro esportivo.
“Tem gente mal-educada no refeitório, onde todo mundo está comendo, e batem no vidro [gritando]: ‘Seu viado! Estuprador!’”, relatou o ex-detento, segundo reportagem do jornal “O Globo”.
O ex-colega de prisão também afirmou que o brasileiro é reservado e, nas poucas vezes que conversou com outros presos, alegou que é inocente e que a relação mantida com a jovem, em uma boate, foi consensual. “Foi tudo consentido. [foi] Uma noite de festa”, disse o ex-presidiário sobre o que ouviu de Daniel Alves.
Apesar de ter alguns privilégios, o brasileiro não recebe um cardápio diferenciado. Além disso, segundo o ex-detento, ele costuma se distrair jogando bola com outros presidiários.
“Ele não sai. Ele só sai para o centro esportivo quando joga contra outro módulo. Se não, ele fica lá no módulo ou senta lá na enfermaria, onde a TV está ligada, para ver TV”, disse.
A acusação de estupro
O jogador brasileiro é acusado por uma jovem de 23 anos por agressão sexual dentro do banheiro de uma boate em Barcelona, na noite do dia 30 de dezembro do ano passado. A garota declarou que estava com amigas e que elas foram convidadas a subir à zona VIP por um grupo de garotos mexicanos. Um garçom, então, as convidou para sentar na mesa de Daniel Alves e um acompanhante. Elas se recusaram no início, mas “o cliente insistiu, e o garçom destacou que se tratava de um ‘amigo’”.
Finalmente, as moças aceitaram se sentar à mesa. Depois de um tempo conversando, contou a vítima, Daniel Alves “começou a ‘fazer o bobo’ com as três, enganchando-se muito e tocando-as”. Além disso, em várias ocasiões, “pegou-lhe com força a mão e Alves e colocou-a em seu pênis”, enquanto ela tentava evitá-lo. Mais tarde, o brasileiro lhe apontou uma porta e obrigou-a a segui-lo e a entrar”.
A vítima denunciou que, já no banheiro, “Alves a obrigou a sentar-se em cima dele, a atirou ao chão, a obrigou a praticar sexo oral, a que ela resistiu ativamente, a esbofeteou, a levantou do chão e a penetrou até ejacular”.
Quando foi prestar depoimento na delegacia de Barcelona sobre a acusação de estupro, Daniel Alves negou conhecer a vítima. Porém, quando confrontado pela juíza sobre uma tatuagem íntima que ele tem entre o abdômen e a virilha, descrita pela vítima, ele confessou ter tido relações com ela, mas de forma consentida.
Pesam contra ele ainda imagens das câmeras internas da boate, que mostram que ele ficou cerca de 15 minutos no banheiro com a vítima e declarações de outra mulher que disse ter sido assediada e “tocada” nas partes íntimas pelo jogador naquela mesma noite. Os exames médicos feitos na mulher que o denunciou também confirmam o estupro.
Assim, o brasileiro foi preso no dia 20 de janeiro deste ano e permanece à disposição da Justiça espanhola.
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