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Alta do custo de vida impacta na rotina dos brasileiros no mercado de trabalho, diz pesquisa

Aumento dos gastos contrasta com falta de reajuste e isso faz com que os profissionais busquem melhores salários

Os trabalhadores brasileiros estão entre os mais afetados na América Latina pelo aumento das despesas com alimentos, combustíveis e contas básicas de consumos, como água, luz e gás. Uma pesquisa da Page Outsourcing, integrante da consultoria de recrutamento PageGroup, mostra que o crescimento desses gastos contrasta com a falta de reajuste salarial, o que gera reflexos diretos na constante busca dos profissionais por melhores remunerações.

“O aumento do custo de vida impacta diretamente a rotina dos profissionais no mercado de trabalho. É comum que diante desse cenário as pessoas fiquem mais atentas às oportunidades que ofereçam melhores salários e benefícios. Esse pacote pode suprir ou aliviar o impacto da alta dos preços desses profissionais e trazer mais estabilidade em seu ciclo produtivo”, afirma Letícia Valente, diretora da Page Outsourcing.

Conforme a pesquisa, o Panamá lidera a lista dos países onde os trabalhadores são mais afetados com a alta do custo de vida, com 57,1%. Em seguida vem o Brasil, com 55,8%, seguido por México (52,4%), Colômbia (49,2%), Peru (49,1%), Chile (45,3%) e Argentina (26,1%).

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No caso do preço dos alimentos, o Brasil foi o país mais afetado. Segundo o estudo, 79,3% dos brasileiros foram atingidos pela alta nos supermercados, seguidos pela Colômbia (78,1%), Panamá (77,1%), México (75,1%), Peru e Argentina (73,2%, cada) e Chile (73,1).

As despesas com contas básicas de consumo (água luz, telefone) também causaram um impacto considerável nas despesas dos respondentes brasileiros do levantamento. O país ficou em segundo lugar (48,1%), logo abaixo do Panamá, que liderou com 57,1%. Os demais países aparecem mais atrás, como Colômbia (44,2%), Peru (40,5%), Argentina (32,6%), México (32,5%) e Chile (26,9%).

Os dados fazem parte de um levantamento realizado de março a julho de 2023, contando com a participação de 8.176 profissionais da América Latina (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e Panamá). A pesquisa abordou temas relacionados ao mercado de trabalho, inflação e remuneração. Teve como objetivo entender o impacto da inflação na carreira dos profissionais da região.

Negociações salariais

Apesar dos profissionais brasileiros serem um dos mais impactados pelo aumento do custo de vida na América Latina, foram os que menos buscaram um aumento salarial nas empresas em que estão atualmente. Segundo o levantamento, 34,8% dos respondentes do Brasil afirmaram que não partiram para negociações salariais. Os dados contrastam com o de outros países, onde a parcela daqueles que não buscaram um aumento foi bem menor: Panamá, Argentina e Chile (17,8%, cada), México (13,4%), Colômbia (13%) e Peru (11,5%).

Um dos fatores que ajuda a explicar o freio nas negociações é de que os profissionais brasileiros foram os que mais constataram aumento salarial já acompanhado da taxa de inflação na região (30%). Os respondentes do Panamá (27,5%), Argentina (27,4%), Colômbia (23,4%), Chile (22,9%), México (18,3%) e Peru (12,4%) apareceram nesta sequência.

“Quando há uma reposição da inflação no salário, o poder aquisitivo do trabalhador fica mantido. Essa política ajuda a valorizar e reter talentos. Os colaboradores tendem a se sentirem mais motivados quando percebem que sua remuneração está impactando em conquistas pessoais”, comenta a especialista.

Perspectiva otimista

Quase metade dos respondentes brasileiros (45,3%) acreditam em um aumento salarial no mesmo nível da inflação no próximo ano. O México aparece logo atrás com 40,9%. Na sequência vêm os profissionais da Colômbia (38,8%), Chile (36,2%), Peru (35,6%), Argentina (30,9%) e Panamá (24,4%).

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“Observamos que os brasileiros são os que menos temem o aumento no custo de vida nos próximos meses, muito pela recomposição salarial adotada pelas empresas, gerando uma perspectiva de otimismo e de estabilidade financeira no curto e médio prazo”, conclui Letícia Valente.

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