Franciele Marques Nunes, de 33 anos, teve que enfrentar diversos processos causados pelo câncer, mas depois descobriu que não estava com a doença.
Moradora de Piratini, no Rio Grande do Sul, a esteticista recebeu o diagnóstico de um câncer de mama agressivo e por isso precisou realizar uma mastectomia (cirurgia para retirada da mama), além de sessões de quimioterapia. Porém, o diagnóstico foi dado erroneamente.
“Quando eu descobri que não era [câncer], apesar das consequências, eu senti um alívio. O câncer mexe com o teu psicológico de uma forma muito forte. Te maltrata muito. Quando a notícia veio de que não era, eu voltei a ter toda a expectativa de futuro que eu havia perdido”, diz a mulher em entrevista ao g1 RS.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, o culpado pelo erro é o laboratório que realizou a análise. O local foi condenado em segunda a instância e deve indenizar a vítima do erro em R$ 20 mil por danos morais.
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“Desenvolvi endometriose, lido com menopausa precoce, pancreatite, vários problemas de saúde que eu enfrento até hoje por causa do tratamento indevido. De quatro em quatro anos, eu preciso fazer uma cirurgia que custa de R$ 8 mil até R$ 9 mil. Essa indenização não vai cobrir nem ⅓ dos gastos que tenho com a manutenção da minha saúde”, revela Franciele.
Diagnóstico errado
O diagnóstico de câncer aconteceu quando a mulher tinha 25 anos. Ela explica que amamentava uma de suas filhas quando sentiu um caroço no seio após um abraço. Ao procurar um médico, o profissional orientou a jovem a buscar um especialista na rede pública e em seguida foi feita a biópsia, que, segundo o laboratório, foi constatado câncer.
“Era um tumor muito agressivo, me disseram. Na época, tinha 25 anos. Estava assustada, com duas filhas. Ainda perguntei: ‘doutor, se eu tirar toda a mama, a chance do câncer não se desenvolver é maior?’ Ele me disse que era maior, mas não dava para dizer que não poderia voltar. Eu optei por isso [a retirada de toda a mama] porque o importante era criar minhas filhas”, lembra.
Após realizar quimioterapia e utilizar uma prótese, o material retirado que havia sido submetido à análise em um primeiro laboratório foi novamente analisado em outro local, que apontou o erro.
“O laboratório nunca se retratou, nunca me procurou. Levei um tempo para entrar com esse processo, até eu conseguir entender tudo. Eu estava muito esgotada”, relata.
Mesmo com o erro, Franciele Marques disse que não teve raiva ou ódio.
“O que me levou a agir foi o que um médico me disse. Ele falou que ‘o que tu passou, outras pessoas podem passar. Se tu deixar assim, outras pessoas podem não ter a sorte de sobreviver a um tratamento indevido, erro médico, de laboratório”.
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