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Operação prende dirigentes de duas empresas de ônibus de SP suspeitos de ligação com o PCC

Foram detidos três dirigentes da Transwolff e um da UPBus segue foragido; prefeitura garante transporte dos passageiros e emprego dos funcionários

O Ministério Público de São Paulo deflagrou uma operação contra as empresas de ônibus Transwolff e UPBus, que operam nas Zonas Sul e Leste, por suspeita de ligação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Quatro homens foram presos e um quinto segue foragido. A prefeitura informou que o transporte dos passageiros atendidos por essas companhias seguirá mantido, assim como os empregos dos funcionários.

A “Operação Fim da Linha” foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, Polícia Militar, Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e Receita Federal. Os trabalhos miram as empresas que lavam dinheiro do tráfico de drogas, roubos e outros ilícitos, segundo o MP.

Até o fim da manhã desta terça-feira (9), tinham sido presos Luiz Carlos Efigênio Pacheco, Robson Flares Lopes Pontes e Joelson Santos da Silva, dirigentes da Transwolff, e Elio Rodrigues dos Santos, que não tinha ligação com as empresas de ônibus, mas guardava armas em um dos endereços alvo de buscas.

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Já Silvio Luis Ferreira, sócio da UPBus, segue sendo procurado. Ele não estava nos locais ligados à empresa e é considerado foragido.

Ao todo, foram cumpridos 52 mandados de busca e apreensão em endereços na Capital, Grande São Paulo e interior paulista. Em um dos imóveis foram encontrados diversos fuzis, revólveres, além de dinheiro e joias.

Conforme o MP, o esquema criminoso foi descoberto depois que a Receita Federal identificou a utilização de diversos esquemas tributários para lavagem de dinheiro do crime organizado. Mesmo em anos em que registravam prejuízos, as empresas alvo da operação distribuíam ganhos milionários a seus sócios.

“A Receita Federal já identificou também que ao menos R$ 25 milhões em débitos de tributos federais foram objeto de compensações tributárias fraudulentas realizadas por uma das empresas. Após as compensações, a empresa conseguia obter Certidões Negativas de Débitos, documento indispensável para participar de licitações, prejudicando assim o caráter competitivo dos certames em que participava”, ressaltou o órgão.

A Justiça determinou bloqueio de mais de R$ 600 milhões em patrimônio dos envolvidos. As defesas deles não foram encontradas para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

Prefeitura vai assumir transporte

Juntas, as duas empresas de ônibus transportam cerca de 15 milhões de passageiros por mês. Após a descoberta da ligação com a facção criminosa, a Justiça determinou que a SPTrans, estatal do transporte coletivo da Capital, assuma imediatamente as operações. A Transwolff opera na Zona Sul e a UPBus, na Zona Leste.

De acordo com o secretário Executivo de Transporte e Mobilidade Urbana, Gilmar Pereira Miranda, as operações das empresas serão mantidas normalmente, assim como serão mantidos os empregos dos funcionários.

“A gente tem pessoal capacitado na São Paulo Transporte com expertise desde que já teve no passado a necessidade de intervenção. A gente vai fazer uma reunião para definir como a gente vai atuar, a partir da decisão judicial à administração operacional das empresas”, disse Miranda em entrevista ao jornal “Bom Dia SP”, da TV Globo, nesta manhã.

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Ele ressaltou que, se houver necessidade, a administração municipal pode pedir ajuda a outros operadores.

“É importante consignar também para os operadores que não tem nada a ver com essa investigação e que será mantido o emprego de todos os operadores. A São Paulo Transporte não promoverá nenhum reajuste com relação a mão de obra das companhias. A gente não tem competência para mexer nisso, pelo contrário, a gente só tem delegação, se houver essa decisão judicial, para operar os ônibus e com isso manter o serviço público à população, tanto da Zona Sul quanto na Zona Leste”, ressaltou o coordenador.

“A prefeitura está atuando para que não haja prejuízo no transporte aos passageiros e reitera que já havia pedido para que a CGM (Controladoria Geral do Município) apurasse o envolvimento dessas empresas com o crime organizado”, concluiu Miranda.

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