Após uma determinação da Justiça, a Prefeitura de São Paulo assumiu a operação das linhas de ônibus das empresas Transwolff e UPBus, que atuam nas zonas Sul e Leste da Capital. Dirigentes das companhias são investigados pelo Ministério Público por ligação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Três foram presos durante uma operação e um quarto segue foragido.
Assim, a prefeitura decretou uma intervenção nas duas empresas e publicou a medida no Diário Oficial. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) garantiu que nenhuma linha terá sua operação afetada e que os funcionários também terão seus empregos garantidos. Juntas, as companhias transportam cerca de 15 milhões de passageiros por mês.
“Já fiz o decreto publicado no Diário Oficial onde determino a intervenção na Transwolff e na UPBus. Quero contar com a colaboração da imprensa para deixar claro que não haverá nenhuma paralisação no transporte público municipal por parte dessas empresas. Fornecedores não deixarão de receber. Os interventores já estão lá nas duas empresas. Não haverá demissão de funcionários. Só muda a gestão dessas empresas”, declarou o prefeito.
Dessa forma, Valdemar Gomes de Mello e Wagner Chagas Alves, que são servidores de carreira da SPTrans, foram nomeados os interventores. Eles vão assumir as operações das duas empresas, já que os diretores investigados pelo MP terão que se afastar dos cargos.
Foram presos na “Operação Fim da Linha”, deflagrada na terça-feira (9), Luiz Carlos Efigênio Pacheco, Robson Flares Lopes Pontes e Joelson Santos da Silva, dirigentes e funcionários da Transwolff, e Elio Rodrigues dos Santos, que não tinha ligação com as empresas de ônibus, mas guardava armas em um dos endereços alvo de buscas.
Já Silvio Luis Ferreira, sócio da UPBus, segue sendo procurado. Ele não estava nos locais ligados à empresa e é considerado foragido. Além disso, cinco funcionários da companhia terão de cumprir medidas medidas cautelares, entre elas a proibição de frequentar a empresa de se ausentar da cidade sem comunicação prévia à Justiça.
A Justiça também determinou bloqueio de mais de R$ 600 milhões em patrimônio dos envolvidos. As defesas deles não foram encontradas para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.
Ligação com o PCC
Conforme o MP, o esquema criminoso de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, roubos e outros ilícitos por parte de integrantes das empresas, foi descoberto depois que a Receita Federal identificou a utilização de diversos esquemas tributários para tornar esses recursos lícitos. Mesmo em anos em que registravam prejuízos, as empresas alvo da operação distribuíam ganhos milionários a seus sócios.
“A Receita Federal já identificou também que ao menos R$ 25 milhões em débitos de tributos federais foram objeto de compensações tributárias fraudulentas realizadas por uma das empresas. Após as compensações, a empresa conseguia obter Certidões Negativas de Débitos, documento indispensável para participar de licitações, prejudicando assim o caráter competitivo dos certames em que participava”, ressaltou o órgão.
Ao todo, foram cumpridos 52 mandados de busca e apreensão em endereços na Capital, Grande São Paulo e interior paulista. Em um dos imóveis foram encontrados diversos fuzis, revólveres, além de dinheiro e joias.
A operação foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, Polícia Militar, Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e Receita Federal.