Dados captados pela ONG ImpulsoGov e publicados pela CNN Brasil apontaram que 60,2% dos municípios brasileiros não atingiram a meta de vacinação infantil para crianças de até 1 ano contra a poliomielite. De acordo com a reportagem, os dados em questão foram obtidos por meio do Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica (SISAB) e apesar de serem preocupantes já apontam uma melhora significativa.
Segundo o levantamento, a poliomielite foi considerada erradicada no Brasil desde 1990, mesmo assim a cobertura vacinal no país está abaixo da meta de 95% desde o ano de 2016, o que causa um alerta diante da possibilidade de um retorno do vírus que, em casos graves, pode causar paralisia muscular infantil.
Para esclarecer questões referentes à importância da vacinação infantil, o Metro World News Brasil ouviu com exclusividade a médica alergista e imunologista pediátrica, Dra. Bruna de Oliveira Casaretti.
Conforme explicação médica, a vacinação é capaz de produzir um efeito chamado de “imunidade de rebanho”, que faz com que a cadeia de infecção seja interrompida de forma a impedir que a doença se alastre entre a população. Esse efeito tem um impacto direto sobre uma pequena parcela da população.
“Isso é muito importante principalmente para uma parcela da população que não pode receber as vacinas, seja pela idade ou por comorbidades associadas, fato que os torna muito vulneráveis. Quando temos uma queda da taxa de vacinação, além do risco aumentado de surtos em uma população aumenta substancialmente o risco de doenças em populações vulneráveis”, explica.
Como é o esquema vacinal contra a poliomielite?
Uma das figuras mais conhecidas quando o assunto é vacinação infantil sem dúvidas é o Zé Gotinha. O personagem é parte presente nas diversas campanhas de vacinação e conscientização sobre a importância de vacinar contra a poliomielite, e representa uma das formas em que a vacina é disponibilizada para a população.
Conforme explica a Dra. Bruna, existem dois tipos de vacinas contra a poliomielite, sendo elas a Vacina Injetável de Poliovírus Inativados (VIP) e a Vacina Oral de Poliovírus Vivos Atenuados (VOP). Atualmente, a priorização é pela aplicação da VIP.
“Atualmente o Programa Nacional de Imunizações (PNI) opta pela aplicação de 3 doses da VIP, sendo elas aos 2, 4 e 6 meses de idade. Após essas 3 doses são realizadas outras duas de reforço com a vacina VOP, aos 15 meses e aos 4 anos de idade”, explica Bruna.
Ainda segundo explicação da imunologista pediátrica, efeitos colaterais da vacina são raros e quando registrados normalmente estão ligados à VOP. “Por este motivo ela é administrada apenas como dose de reforço e em crianças mais velhas”.
Aumentar o índice de vacinação é essencial para controlar o vírus
Apesar dos índices demonstrarem que grande parte dos municípios brasileiros ainda não atingiram a meta estabelecida para a cobertura vacinal contra a paralisia infantil, dados divulgados recentemente mostraram um aumento na porcentagem de crianças brasileiras com até 1 ano imunizadas contra a poliomielite.
Para manter o controle sobre o vírus é importante que os índices sigam aumentando. “A vacinação contra a poliomielite sempre foi de extrema importância, pois essa é uma doença, que até 1989, assombrou muitas famílias com suas sequelas devastadoras. Eu, como mãe e pediatra, fico extremamente entristecida de ver uma realidade em que, graças a desinformação e notícias falsas, vemos a possibilidade de retorno dessa enfermidade”.
“As crianças têm o sistema imunológico imaturo, logo são mais propensas a doenças e tem maior risco de morte quando comparadas com adultos. A vacinação é uma forma de estimular o sistema imunológico e proteger essas crianças, diminuindo a mortalidade infantil e os índices de internação hospitalares”, finaliza Bruna.