A jovem Juliana Leite Rangel, de 26 anos, que foi baleada na cabeça enquanto estava em um carro na Rodovia Washington Luís (BR-040), em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, na véspera de Natal, apresenta melhora progressiva no quadro de saúde. De acordo com o boletim médico, divulgado nesta terça-feira (7), ela apresenta uma recuperação das funções motoras e cognitivas e já iniciou o processo de reabilitação.
Ainda segundo o Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, Juliana respira sem a ajuda de aparelhos e não apresenta sinais de sequelas permanentes irreversíveis.
A jovem, que tem boa interação com o ambiente e as pessoas e tem estado considerado bom, segue recebendo cuidados no Centro de Terapia Intensiva (CTI), com acompanhamento do serviço de neurocirurgia, psicologia, em conjunto com equipe multidisciplinar. Não há previsão de alta.
No domingo (5), a mãe de Juliana, Deyse Rangel, disse que a filha já se comunica com os olhos e pediu refrigerante, embora ainda não possa consumir alimentos fora do protocolo médico.
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Relembre o caso
A jovem foi baleada no último dia 24 de dezembro enquanto estava com o pai, Alexandre de Silva Rangel, de 53, e outros familiares em um carro. Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) se aproximaram e, sem fazer uma abordagem, atiraram. A vítima foi atingida na cabeça, enquanto o genitor foi ferido em uma das mãos.
Logo após ter o carro alvejado por vários tiros, Alexandre ainda tentava entender o que tinha acontecido. Em entrevista ao jornal “Primeiro Impacto”, do SBT, ele disse que não estava armado e que os policiais atiraram sem ao menos dar ordem de parada.
“Na hora, eu pensei que ia morrer. Quando eu vi os estilhaços no vidro eu falei que isso é tiro. Mas eu nunca poderia imaginar que um carro da Polícia Rodoviária Federal estivesse atirando em mim, sem fazer abordagem, sem mandar encostar, nem nada”, lamentou.
A família afirma que foram disparados cerca de 30 tiros contra o carro, sendo que Juliana só foi socorrida depois que um policial militar percebeu que a jovem estava viva.
PRFs afastados
A equipe da PRF que atirou contra o carro da família era formada por dois homens e uma mulher. São policiais rodoviários federais que costumam trabalhar mais em serviço administrativo e estavam fazendo patrulhamento em escala de plantão de Natal. Os policiais usavam dois fuzis e uma pistola automática. As armas foram apreendidas para perícia e os policiais, afastados.
“A PRF lamenta profundamente o episódio. Por determinação da Direção-Geral, a Coordenação-Geral de Direitos Humanos acompanha a situação e presta assistência à família da jovem Juliana. Por fim, a PRF colabora com a Polícia Federal no fornecimento de informações que auxiliem nas investigações do caso”, disse a corporação.
O carro da família e a viatura da PRF foram encaminhados para perícia, sendo que a Polícia Federal instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias da ocorrência e apreendeu as armas dos agentes. Os parentes de Juliana, incluindo o pai, já prestaram depoimentos.