O dono da casa lotérica que não registrou a aposta da aposentada Elza Jesus de Almeida, de 64 anos, que alega ter acertado os números da Mega da Virada, em São Paulo, afirmou que o atendimento a ela foi “normal”. Em entrevista ao “Metrópoles”, o proprietário, que não quis ser identificado, disse que encaminhou os vídeos que mostram o momento em que ela esteve no estabelecimento para a Caixa Econômica Federal.
“Lavei minhas mãos, agora é com eles”, disse o dono da lotérica, ressaltando que agora só o banco poderá elucidar o caso.
Após a repercussão, a Caixa ressaltou que o recibo emitido pelo terminal de apostas é o único documento que comprova o registro da aposta e habilita ao recebimento de prêmios.
O banco ainda não se manifestou a respeito das imagens que mostram como foi o atendimento.
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Entenda o caso
Elza, que mora no Jabaquara, mostrou um dos canhotos da Mega da Virada que preencheu a mão com três apostas, sendo que uma delas tinha a combinação de números: 01 – 17 – 19 – 29 – 50 – 57, os mesmos números sorteados no último dia 31 de dezembro. No entanto, o canhoto oficial emitido pela lotérica mostra que foram registradas apenas dois jogos, ficando de fora o premiado.
“Foram oito jogos, foi bastante, eu não contei. Se eu tivesse contado, eu saberia que tinha um faltando. E quando ela cobrasse, eu falaria ‘não, pera aí, faltou um’, mas eu não contei. Nem imaginava isso, eu confiei”, contou ela.
A idosa só teve ciência que a aposta não foi registrada ao ver o sorteio e, desde então, tenta provar que fez o jogo, mas não ele não foi registrado por falha da lotérica. Ela e o filho procuraram a polícia e também pediram ao estabelecimento as imagens de câmeras de segurança. Sem sucesso, o advogado dela, Evandro Rolim, entrou com uma ação judicial para que o local seja obrigado a entregar as gravações.
O defensor explicou ao “Metrópoles” que o objetivo é provar que Elza esteve na lotérica e fez o jogo na Mega da Virada com os números premiados. “Caso o laudo seja positivo, a minha cliente entrará com ação judicial de indenização com fundamento na teoria da perda de uma chance, uma vez que ficou demonstrado que ela tinha probabilidade real e certa de ganhar e só não ganhou por erro no sistema”, disse o advogado.
Além disso, Rolim afirma que pretende evocar a teoria da “perda de uma chance” para reivindicar uma indenização. Conforme o Superior Tribunal de Justiça (STJ), a teoria considera que quem, de forma intencional ou não, retira de outra pessoa a oportunidade de um dado benefício deve responder pelo fato.
Sem comer direito
A idosa disse que, desde o sorteio da loteria, está se sentindo mal, não consegue se alimentar direito e fica chateada ao ver muita gente questionando se ela, de fato, entregou o canhoto com o jogo premiado na lotérica ou se está mentindo.
“Aquele lá em cima está vendo que eu não fiz. Jamais eu ia fazer isso. Eu tenho 64 anos, jamais eu ia mentir. Nunca fiz isso, pra que eu ia fazer isso?”, disse ela.
Elza ressaltou que está disposta a brigar na Justiça pelo prêmio milionário. “O resto da minha vida eu vou correr atrás. Antes de eu morrer, eu quero ver o resultado, porque eu não estou errada”, disse ela.