Desde o sorteio da Mega da Virada, no último dia 31 de dezembro, a idosa Elza Jesus de Almeida, de 64 anos, diz que não tem paz. A mulher alega ter acertado os seis números da loteria, mas descobriu que a lotérica não registrou o jogo dela e afirma que está disposta a lutar na Justiça por uma indenização. Situação semelhante aconteceu com um casal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, que aguarda há 25 anos por uma reparação.
Conforme o portal “Metrópoles”, o casal sul-mato-grossense comprou cotas de um bolão do concurso 171 da Mega-Sena, em 1999, em uma lotérica de Campo Grande. Após verem os números sorteados, eles acreditaram que tinham ganhado R$ 675.356,57 (valor da época). Porém, só aí perceberam que a funcionária não tinha registrado a aposta no terminal.
Assim, eles decidiram entrar com uma ação na Justiça pedindo uma indenização. O processo correu Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) e chegou até o Supremo Tribunal Federal (STF).
Em agosto de 2023, a ex-ministra Rosa Weber, então presidente do Supremo, determinou que o casal fosse indenizado em R$ 25 mil por danos morais e em R$ 675.356,57 por danos materiais, valor correspondente ao prêmio da loteria.
Apesar da decisão, até o início deste ano o casal não tinha recebido a indenização. A advogada Catarina Mariano destacou que a Justiça ainda fará uma atualização dos valores, considerando juros, correção monetária e custas processuais.
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Caso de São Paulo
Elza, que mora no Jabaquara, mostrou um dos canhotos da Mega da Virada de 2024 que preencheu a mão com três apostas, sendo que uma delas tinha a combinação de números: 01 – 17 – 19 – 29 – 50 – 57, os mesmos números sorteados no último dia 31 de dezembro. No entanto, o canhoto oficial emitido pela lotérica mostra que foram registradas apenas dois jogos, ficando de fora o premiado.
“Foram oito jogos, foi bastante, eu não contei. Se eu tivesse contado, eu saberia que tinha um faltando. E quando ela cobrasse, eu falaria ‘não, pera aí, faltou um’, mas eu não contei. Nem imaginava isso, eu confiei”, contou ela.
A idosa só teve ciência que a aposta não foi registrada ao ver o sorteio e, desde então, tenta provar que fez o jogo, mas não ele não foi registrado por falha da lotérica. Ela e o filho procuraram a polícia e também pediram ao estabelecimento as imagens de câmeras de segurança. Sem sucesso, o advogado dela, Evandro Rolim, entrou com uma ação judicial para que o local seja obrigado a entregar as gravações.
O defensor explicou ao “Metrópoles” que o objetivo é provar que Elza esteve na lotérica e fez o jogo na Mega da Virada com os números premiados. “Caso o laudo seja positivo, a minha cliente entrará com ação judicial de indenização com fundamento na teoria da perda de uma chance, uma vez que ficou demonstrado que ela tinha probabilidade real e certa de ganhar e só não ganhou por erro no sistema”, disse o advogado.
Elza ressaltou que está disposta a brigar na Justiça pelo prêmio milionário. “O resto da minha vida eu vou correr atrás. Antes de eu morrer, eu quero ver o resultado, porque eu não estou errada”, disse ela.
O que disse o dono da lotérica?
Também em entrevista ao “Metrópoles”, o proprietário da lotérica em questão, que não quis ser identificado, disse que encaminhou os vídeos que mostram o momento em que a idosa esteve no estabelecimento para a Caixa Econômica Federal. Ele ressaltou que o atendimento prestado a ela foi “normal”, ou seja, sem irregularidades.
“Lavei minhas mãos, agora é com eles”, disse o dono da lotérica, ressaltando que agora só o banco poderá elucidar o caso.
Após a repercussão, logo depois do sorteio da loteria, a Caixa ressaltou que o recibo emitido pelo terminal de apostas é o único documento que comprova o registro da aposta e habilita ao recebimento de prêmios.
O banco ainda não se manifestou a respeito das imagens que mostram como foi o atendimento.